Thu, 08/08/2024 - 10:35
Após uma breve ausência, as criptomoedas voltam a ser banhadas pelas luzes da ribalta. Após ganhos de quase 100% nos últimos 12 meses em muitos dos principais ativos digitais em voga, não é de admirar. Desde o início do longo "inverno cripto" no final de 2021, o Bitcoin perdeu cerca de 70% do seu valor. Depois, conseguiu recuperar todas as suas perdas e entrar em novo território de crescimento, entre 2023 e o primeiro trimestre de 2024. Atualmente, situa-se no que pode parecer um valor muito saudável de $57.274 (07/08).
No entanto, as aparências iludem. O Bitcoin caiu mais de 7,4% em apenas 5 dias, E isto apesar de uma subida de 13% desde segunda-feira! Os danos foram ainda piores para a moeda de contrato inteligente Ethereum, que perdeu uns impressionantes 17,35% durante o mesmo período - mais uma vez contabilizando uma recuperação de dois dígitos no início desta semana. Mas qual é a razão para este declínio súbito, e porque é que o Ethereum foi tão afetado?
Abundam as incertezas políticas
O mercado das moedas digitais sempre teve uma relação bastante tensa com as instituições políticas. No entanto, nos últimos anos, as criptomoedas percorreram um longo caminho em supervisão regulamentar e de atração pelo público. Na verdade, uma das principais conquistas para esta classe de ativos foi a aprovação inédita de ETFs de Bitcoin à vista (spot) pela SEC em janeiro. No entanto, há muitos que gostariam de ter uma regulamentação muito mais rigorosa, tanto para a extração como para a troca de criptomoedas.
Com as eleições presidenciais dos EUA a aproximarem-se rapidamente, muitos investidores em criptomoedas têm estado interessados em avaliar a posição da candidatura democrata, Kamala Harris, e do seu candidato a vice-presidente, Tim Walz. Como escreveu o editor da Digital Commonwealth, Darren Parkin, num post recente no X: "Tim Walz ainda não se posicionou em relação à Bitcoin e às criptomoedas em geral. No entanto, sabemos que é um forte defensor da regulamentação. Tirem as vossas próprias conclusões". A posição favorável às criptomoedas do antigo presidente Donald Trump e do seu candidato a vice-presidente JD Vance está bem documentada. A bolsa de criptomoedas americana Gemini salientou que, durante a sua sondagem State of Crypto de 2024, 21% dos americanos possui criptomoedas, e desses, 73% irão considerar a posição dos candidatos sobre as moedas digitais antes de visitar as urnas.
Podemos considerar a recente queda das criptomoedas como resultado direto do aumento de popularidade de Kamala Harris, cujos números nas sondagens melhoraram imenso ao longo das últimas semanas. Portanto, é possível reverter a tendência, caso a candidata democrata declare uma posição mais favorável para as criptomoedas.
Funcionalidade acima do "hype"
O panorama dos ativos digitais mudou significativamente desde a pandemia. À medida que a tecnologia blockchain revela a sua série de aplicações na vida real, desde DeFi e NFTs a contratos inteligentes e tecnologia dApp, os investidores estão cada vez mais interessados no que uma moeda ou token pode fazer, o que teve um impacto significativo nos valores. Uma das principais razões que justificam o pobre desempenho do Ethereum, apesar de ser uma das criptomoedas originais, é o terreno que perdeu em funcionalidade contra outras moedas emergentes, como a Solana e Cardano.
Por exemplo, o Ethereum acabou de perder cerca de 30% do seu valor desde o início de agosto, e conseguiu recuperar apenas 3,5% desde a sua recente mínima. Por outro lado, a plataforma mais rápida e acessível da Cardano desceu apenas 15% durante o mesmo período, conseguindo recuperar com maior velocidade e dinamismo. A Solana revelou um desempenho ainda mais impressionante, fazendo jus à sua alcunha de "Ethereum killer". A SOL apresentou uma queda de apenas 11% desde 1 de agosto, com uma valorização de 10% sobre o último mês, sendo uma das poucas criptomoedas que demonstra uma valorização líquida no gráfico de 30 dias.
A verdade é que os atuais investidores em altcoins são bastante mais experientes e astutos, e uma moeda focada em contratos inteligentes que consegue lidar apenas com 15 transações por segundo já não é suficiente. O único fator que pode salvar o Ethereum é o seu nível mais elevado de descentralização, comparativamente à concorrência, desde que a mudança para um mecanismo Proof-of-Work permita um aumento substancial na velocidade das suas transações, como prometido.
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